«E a beleza não serve de nada.
Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio e não
poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a casa do
espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou
escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar
de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza.
Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro
do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. Envolta em nevoeiro a tomar
duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que uma qualquer
tirania sabe que tem a fazer é demolir a beleza. Com todo o direito, de todas
as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima.
Alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não
conhece regras. Viva da vida e de mais nada.»
Sou o que quiseres... Mas quando eu quiser.
Sou muito suspeito no que respeita a Pedro Paixão...escritor que não escreve, descreve sim o que quase todos sentimos e temos medo de dizer ou sequer admitir sentir. Cada palavra traz consigo outras tantas que espreitam teimosas atrás uma das outras, sempre na rebeldia da descoberta da nossa nudez, rindo e nos violando. Por isto sou suspeito...sendo seu leitor!
ResponderEliminarObrigado pelo que trazes Pink
És tu e eu, graças a um professor meu e a uma conversa minha com Pedro Paixão fui apresentada na Livraria Ler Devagar (quando as instalações ainda eram na rua da Rosa - Bairro Alto) como nova escritora há cerca de 20 anos... O Pedro Paixão é um homem que nos despe!
EliminarLi muito do Pedro Paixão....e eu aqui nem preciso elogiar as letras portuguesas...nascido em fevereiro.... que mais poderia ser???
ResponderEliminar"Já não se pode fumar em nenhum lado. O desamor é bem mais devastador, e no entanto não é proibido."
A Rapariga Errada, Pedro Paixão, p.11
Lindo PDR
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