Absorve-me mas em várias fracções

sábado, 21 de março de 2020

Recordar a fricção

Talvez haja uma fricção entre nós, mas não sei como foi acontecer só agora. Dizem que um homem nos marca pelo amor mas tu... Marcaste-me pelo corpo, pelo suor, pelo odor, pelo toque, por todos os meus cinco sentidos. Ponho muitas vezes em dúvida o facto de teres, ou não, entrado no meu coração. Foste-te embora e deixaste-me cá sem força para sequer continuar a respirar. Não que tu fosses o ar que eu respirava, mas eras o meu alento, a minha fuga, o meu esquecimento dos dias stressantes de trabalho e as tuas atitudes... Mensagens obscuras, mensagens escondidas e eu corria. Corria para me enfiar nos teus braços ou para tu entrares em mim e eu sentir-me satisfeita, leve, uma felizarda. Corpos presentes, mentes ausentes só o sentido impera, só o toque do teu corpo vale naquela altura. E agora? Bonito? Nem por isso. Mas com um corpo que eu adoro como adoro o toque, o cheiro e a sensação de te ter. Embora nunca te tenha tido. Desilusão, tristeza até pânico, mas nunca o esquecimento não desisto, haja o que houver.
Atravesso o país, movo a montanha, encho o fosso que nos separa, choro até não poder mais e rebento.
Saudades.
Ansiedade.
Choro, mas não desespero.
Não sem te ver, sem te tocar, sem te beijar. Como se fosse um objetivo de vida. Sim, posso morrer a seguir, quero lá saber. De que me serve a vida, a inteligência, os sentimentos se tudo, mas tudo é constantemente massacrado?
Vontade de ter aqui perto de mim, “à minha beira” como tu dizes. 



Pink Poison(ver ©COPYRIGHT)

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Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
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