Absorve-me mas em várias fracções

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Morre-se, Pablo Neruda


Quem morre

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve
musica, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se
deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do habito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de
marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com
quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro
sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um
redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos
olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando esta infeliz com o
seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir
atrás de um sonho,quem não se permite pelo menos uma vez na
vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua ma
sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde
quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar
vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de
respirar.
Somente a perseverança fará com que conquistemos um estagio
esplendido de felicidade.

NÃO SOU SUPERIOR, SUPERO-ME!

3 comentários:

Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
Deixa aqui algum bálsamo.