A solidão é um dos fenómenos mais públicos e mais invasivos da nossa sociedade. É também uma das realidades mais escondidas e mais mal encaradas de sempre.
É moda não se dizer que se está só – ou melhor, fica mal dizer-se que nos sentimos sós. Quem se sente sozinho, tem de escolher um caminho outro que não falá-lo.
Falar de solidão é pouco sedutor. E quem não deseja seduzir?… Seducere. Do grego Se-Du–Cere… “Passar ao lado”. Passar ao lado?! Do que é que passamos ao lado para sermos sedutores ao olhos dos outros?
Se pensarmos, que se há um lado de nós bonito e aprazível, haverá sempre para o contrapor, um lado mais feio e não prazeroso… então devemos passar ao lado de pelo menos metade de nós.
E se passamos ao lado de “nós”, quase certamente, passamos também ao lado de algo igualmente importante: aquilo que verdadeiramente desejamos. A sedução é um desvio no caminho que fica entre o “nós” e o “nosso”.
Mas se calhar valerá a pena. Pormos o nosso rosto sedutor e sairmos para a rua preparados para sorrir para quem valha o esforço. Munidos de gargalhadas e exclamações vibrantes para distribuir pelos nossos amigos.
Se calhar vale a pena. O nosso lado não prazeroso e feio vai ficar lá em casa, de qualquer forma, à nossa espera. Tentaremos ficar a sós com ele o menor tempo possível. Some dance to remember, some dance to forget…* Escolhamos o nosso mote…
Há que falar a solidão? Quando nos sentimos sós. Calá-la é a melhor forma de a perpetuar. Esperar que os outros adivinhem, é arranjar uma má desculpa para poder dizer que ninguém quer saber.
Catarina Santos
Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Psicanalítica
O PODER DA NATUREZA É INFINITO, EU, SOU NATURAL!
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Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
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