Absorve-me mas em várias fracções

sábado, 19 de março de 2022

O chão geme

 O chão que eu piso geme como eu gemo por dentro de agonia quando digo que sim e quero dizer não. Parem de pedir, implorem! Parem de me provocar, amem-me! parem de viver ao som do cair das moedas na vossa carteira e possuam-me na vossa mente, no cantinho mais rebuscado. Abracem-me como se me quisessem tirar as asas, promessas que fico? Se não tiver asas, atiro-me, aguento mais a pular do que um pastilhado porque não voaria mesmo sem asas?

Que me interessa a queda? Levanto-me sempre como o vinho do Porto: quanto mais velho, melhor... é muito bom ser enganada, ensina-me a viver e a lembrar de caras que pensava já não me lembrar e ser sempre melhor do que quem em engana. Melhor de quem sai de pedras a rastejar para vir meter-se na minha vida.

Metem-se com quem não devem, serei mesmo uma deusa como diz o meu amigo? Talvez seja, vou ver se no Monte Olimpo há um quarto para alugar. De lá, vou rir-me de quem pensa que me enganou, só me engana se a minha mente deixar, e eu deixo, dou cabeçadas, há uma parede que posso contornar, mas mesmo assim continuo a dar cabeçadas. 

 


 


Pink Poison(ver ©COPYRIGHT)

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Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
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