Absorve-me mas em várias fracções

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Reabilitação do conceito de puta (autor anónimo)


A expressão “puta” deriva de “poda” e remete para um ritual pagão que implicava um bacanal de oferenda à Deusa, numa celebração da poda das árvores.
Depois veio a Igreja e a mea culpa e podemos passar uma vida a tentar expiar o nosso interesse sexual. “Puta” adquiriu outro sentido:
Mulher que se prostitui = MERETRIZ, PROSTITUTA, RAMEIRA; Mulher que tem relações sexuais com muitos homens.
A expressão geralmente é depreciativa, apesar de em algumas línguas ser conotada mais positivamente, como no holandês, em que prostituta significa “mulher do prazer”.
Uma mulher que digam ser uma “puta” na praça pública não pode se não insurgir-se.
É ofensivo. Na vida privada, pelo contrário, tem uma componente excitante.
Como se entre parceiros se tivesse operado a uma reabilitação do conceito e ganhado um viés irônico.
Ao mesmo tempo que “puta” é possivelmente o insulto com maior carga emocional para uma mulher, é igualmente uma coisa boa, positiva, gratificante.
Gostar de sexo e procurar o prazer – “ser puta” – é possivelmente o ingrediente mais excitante numa relação sexual.
No entanto, basta passar os olhos por qualquer banca de revistas e jornais para tirar outras conclusões.
Vendem-nos a ideia de que se agirmos de determinada forma nos tornaremos rainhas da sedução.
Mas é tudo um embuste. Nem toda a literatura de bancada com “Os 5 segredos para o seduzir” ou “10 truques que o vão deixar doidinho” nos tornariam mestres na sensualidade. É, na verdade, bem mais simples.
Basta uma coisa só…Gostar de sexo.
Não é o comportamento que importa, é a atitude, a predisposição para o comportamento.
Conhecer todos os segredos para proporcionar prazer ao outro tem pouca utilidade, pelo menos quando comparado com o instrumento poderoso que é a própria motivação.
Dar prazer ou excitar é fácil, basta permitir-se a ter prazer, a sentir vontade. Gostar.
Se gostar de sexo é ser puta, então devíamos todas almejá-lo.
Devíamos todas querer ser putas, rameiras, mulheres do prazer.
E o conceito poderá evoluir uma vez mais.


O poder da Natureza é infinito, eu sou natural.

4 comentários:

Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
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