sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
A minha mocidade há muito pus
No tranquilo convento da tristeza;
Lá passa dias, noites, sempre presa,
Olhos fechados, magras mãos em cruz...
Lá fora, a Noite, Satanás, seduz!
Desdobra-se em requintes de Beleza...
E como um beijo ardente a Natureza...
A minha cela é como um rio de luz...
Fecha os teus olhos bem! Não vejas nada!
Empalidece mais! E, resignada,
Prende os teus braços a uma cruz maior!
Gela ainda a mortalha que te encerra!
Enche a boca de cinzas e de terra
Ó minha mocidade toda em flor!
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
NÃO SOU SUPERIOR, SUPERO-ME!
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Confesso que não tenho grande conhecimento da poesia de Florbela Espanca, mas este poema foi muito bem escolhido. Soa um pouco como a passagem da infância para a idade adulta ou um tempo em que tudo parecia inocente e sem preocupações para outro distinto e cheio de seduções e armadilhas, o dia e a noite, a alvura casta do branco e o mistério envolvente da escuridão. Abriu-me o "apetite" para descobrir um pouco mais da sua obra. Bjs.
ResponderEliminarExiste algo de diferente no teu. Por vezes, paixão e sensualidade, outras raiva, odio, amargura.
ResponderEliminarAliás Florebela Espanaca é bem o reflexo de tudo isso.
Gostei e vou continuar a seguir.
Miguel, descobre antes a minha obra :)
ResponderEliminarLobo, bem vindo... Um beijo
ResponderEliminarDo pouco que conheço, no breve espaço que nos separa desde a recente descoberta deste blogue, tudo o que leio tem-me trazido sempre de regresso a este local, como um marinheiro perdido no encantamento de uma sereia, o que só abona da qualidade e da essência deste blogue e especialmente de quem o escreve. Bom fim de semana, amiga.
ResponderEliminarSe a sereia sou eu, substitui por "baleia"
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