Naquele momento, aquele único momento em que me fizeste
sentir serena, confortável e tranquila, outras coisas te passavam pela cabeça.
Dizem que os homens são visuais, pois não foste o primeiro a
fechar os olhos e ver com a ponta dos dedos, que passou à mão...
Mão essa que mostrou brincadeira, abriu uma porta. A paz
teria um preço? Seria mesmo espontâneo?
Quem consegue sentir algo por cima de um camisolão de malha
bem quente? Tu, porque estavas de olhos fechados a sentir, como disseste.
Uns boxeurs rendados atrás e de cetim à frente serão sempre
mais sugestivos do que um óbvio fio dental... São ainda melhores depois de
todas as etiquetas cortadas, aqueles ainda a tinham. Puxaste por ela e a renda
lá se enfiou no local que irias conhecer mais tarde.
A falares ao telefone, passei-te a mão no peito, sim, eu
estava de olhos abertos e a ver onde mexia, começaste a gaguejar, pus a mão
dentro das calças sem tocar em lado algum, apenas pele e largas um "Já te
ligo!"
Nada aconteceu e continuaste a sentir de olhos fechados,
quando os nossos olhares chocaram ouvi: "Fode-me", pedi para
repetires.
A voz que me dava paz, estava a pedir para foder. A pink é
refilona mas também é bem mandada, assim o fiz, curiosamente fechavas os olhos
para sentir melhor, eu não: quis ver o contorno dos teus ombros, quis passar a
mão pelas tuas costas...
Agora, que praticaste o que conheceste em teoria, estou de
alma lavada, como sempre entreguei-me de corpo e alma mas tu... já tinhas algo
mais em mente, o que não esperavas era que eu fosse tão boa observadora e que
ouvisse entrelinhas a tua relação com colegas, família e bem...
Fodi-te como pediste. Não te vão foder tão bem, tão cedo.
Garanto.
Pink Poison(ver ©COPYRIGHT)