Absorve-me mas em várias fracções

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Lembra-me ... (Pedro Paixão)



A memória é uma deusa vingativa que se delicia em confundir os mortais. A minha exige que recorde quem não fui e poderia ter sido. Não é fácil.

Recordamos melhor o que decidimos fazer, por isso mesmo de o termos feito. Esquecemos em geral o que decidimos não fazer, por não o termos feito. Tendemos, erradamente, a valorizar mais a primeira do que a segunda decisão, quando esta última pode ter sido da maior importância, maior do que qualquer decisão que tenhamos cumprido.

A nossa vida é uma trama feita do que fizemos, por inércia ou vontade, e do que não fizemos, por decisão ou incapacidade. Tenho poucas dúvidas: o que escolhi não fazer teve mais valor do que o que escolhi fazer. Nem que não fosse porque é mais difícil dizer não do que dizer sim.

– do último livro, Lembra-me de mim


O poder da Natureza é infinito, eu sou natural.

1 comentário:

  1. Um bom texto onde se vislumbram inteligentes trocadilhos.
    Desejando uma noite de Paz e amor

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Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.Nietzsche
Deixa aqui algum bálsamo.